Educação para a Paz

Coluna Prof. Lino

A nossa sociedade está impregnada por uma programação de competição tão forte, que nem passa pela cabeça da grande maioria das pessoas, refletir sobre a competição, se ela é saudável ou não, se não existiria outra maneira de se viver, de se relacionar, de se desenvolver.

Na nossa cultura atual, principalmente no ocidente, é hegemônico o pensamento extrovertido, ou seja, estamos mais acostumados a olhar para fora da gente do que para o nosso interior.

Este posicionamento gera muitas conseqüências, como por exemplo, querer colocar a culpa nos outros pelos nossos próprios sofrimentos, como se não tivéssemos nenhuma responsabilidade sobre o que nos acontece, como se não atraíssemos para nós mesmos situações da vida pelas quais passamos, então vestimos a persona de vítima, e passamos a lamentar o nosso sofrimento, nos fixando nele, o fortalecendo e o eternizando, pois na avaliação do ego-vítima, o problema pelos infortúnios do indivíduo, nunca está nele mesmo, mas está fora de si, nos outros, na família, na sociedade, no governo, etc… deduzindo que há algo fora dele que precisa ser vencido!

A competição perniciosa e predatória então está estabelecida, fortalecendo a crença de que para se vencer na vida é preciso vencer o outro, pensamento que seria muito “atual” para os nossos primordiais Homens das Cavernas, mas não para os dias atuais, pois o homem já desenvolveu ao longo de um longo tempo outras formas de ver e agir no mundo!

Quando esta crença vai se tornando mais forte e coletiva, ao “vencer o outro” é acrescentado e aceito socialmente, como se fosse algo muito natural, o “vencer o outro a qualquer custo”, filosofia coerente com Maquiavel quando diz que “os fins justificam os meios”.

Nos dias atuais de nosso século XXI, já há consciência de que, para um vencer, o outro não precisa perder, e que para o Desenvolvimento Integral do Indivíduo essa competição predatória é prejudicial, e muito. 

Um dos aspectos prejudiciais, é que esta cultura absorvida pelo indivíduo muitas vezes sem passar pelo crivo da razão, acaba por desviar o foco de atenção do indivíduo do “Agora” ou do “Momento Presente” para o passado e para o futuro.

O foco fica no passado quando se fixa os pensamentos nos momentos em que “não venceu” associados à emoções de fracasso, inferioridade, baixa auto-estima, raiva, vingança, dentre outras.

Muitas cobranças virão em cima daquele “que não venceu”, da sociedade, da mídia, da comunidade, da família e de si mesmo, ajudando o fortalecimento desta fixação, neste complexo psíquico que guarda na memória momentos do passado que estão impregnados de emoções que geram desarmonias, neuroses, sofrimento, inaptidões psíquicas, distúrbios e dificuldades de aprendizagem.

Agora o indivíduo traumatizado por ter sido afetado pela programação da competição predatória, fixa-se também no futuro, quando planeja o dia em que irá vencer os seus oponentes que ainda irão aparecer, sejam eles as provas da escola, do vestibular, do emprego, das promoções, do acúmulo de dinheiro, do reconhecimento, do status e no meio deste caminho, ter vencido os relacionamentos interpessoais, ou seja, ter vencido as outras pessoas!

Como o passado já não existe mais e o futuro ainda vai chegar, só nos resta viver o presente, ou seja, somente existe, de verdade, a vida a ser vivida no presente. É no presente que temos alguma liberdade de tomarmos decisões, de exercer o livre-arbítrio.

Em outras palavras é no presente que vivemos.

Quando uma pessoa vive com seus pensamentos fixos no passado e preocupada com o futuro, ela praticamente não vive o presente. Comporta-se como verdadeiro sonâmbulo a vagar pela Terra. A única oportunidade de realmente vivermos, acordados, conscientes e de nos desenvolvermos é vivermos o presente.

Para que uma atividade faça sentido de ser realizada na escola, esta atividade deve estar em sinergia e convergindo para o seu objetivo que é o de fomentar a Educação, ou em outras palavras, fomentar o Desenvolvimento integral dos Indivíduos.

Não faz sentido em se promover uma atividade na escola que provoque, justamente, dificuldades de aprendizagem.

Fomentar a Educação é promover o autoconhecimento, aprender a se relacionar de maneira cooperativa consigo mesmo, com as outras pessoas, com o meio-ambiente e com o cosmo. Toda atividade desenvolvida na escola deve ser orientada para esse Objetivo!

A Educação Física Escolar, onde há possibilidade de prática de esportes, estes devem ser praticados sob o prisma da cooperação, como por exemplo, os “Jogos Cooperativos”.

A competição na Escola serve à outros interesses, mas não servem ao propósito da escola, dos alunos e dos pais dos alunos, que esperam que a escola seja um espaço onde eles possam se desenvolver guiados por profissionais especializados em Educação, seus Professores.

Autor: Prof Lino Azevedo Júnior

Título original: Competição na escola, um mal a ser vencido!

Fonte: https://www.psicomotricidadepositiva.com.br/2017/02/09/competicao-na-escola-um-mal-ser-vencido/

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *