Devaneios de uma Transição Planetária: Inside the storms (Dentro ou no meio de tempestades)
Prof. Lino Azevedo Júnior
Saudações de Paz de Campinas, São Paulo, BRASIL
21 de dezembro de 2022
Era uma vez… uma história que começou numa sexta-feira, 9 de março de 2007 à 01:50h, onde eu estava bem no olho do furacão de uma profunda depressão e num devaneio de mesma intensidade conversei com o meu amigo Albert Camus que me disse:
“Em momentos de grande conturbação emocional, quando tudo nos parece confuso e fora do lugar, enfim, durante grandes tempestades, soam alarmes dentro de nós, nos empurrando desesperadamente para o local mais seguro segundo nosso julgamento. Tudo o que queremos é sair da zona de perigo ou de ameaça.
Nestes momentos, e principalmente nesses momentos, nossa direção mais segura certamente está colocada acima de nós. Acima de nossa cabeça, acima de todo nosso corpo, de toda nossa estrutura humana, sabidamente frágil, vulnerável e imprecisa.
Se estivéssemos seguros disso e somente nisso colocarmos nossa crença, nessa força poderosa, acima de nós, e olharmos em direção a ela e nela firmarmos nossa esperança de escape, se tivermos o bom senso e serenidade, e principalmente o desprendimento de nossos próprios julgamentos sobre o que realmente é melhor para nós, certamente nossa chance de vencer a adversidade torna-se muito maior.
Se nos colocarmos em situação de total confiança e nos mantivermos firmes e resolutos, sem nos deixar nos vencer pelo desespero da circunstância passageira, pois circunstâncias adversas são passageiras chegaremos ao nosso destino e desfrutaremos do bem que nos aguarda.
Mas, se transloucadamente, movidos por instintos primitivos, de quem conta somente consigo mesmo, e toma para si a resolução dessa situação, nos atiramos sem entendimento para uma real resolução, uma rápida solução, como se o tempo futuro já não existisse mais.
Quando, movidos pelo medo enxergamos apenas a solução que muitas vezes enganosamente, está diante de nossos olhos carnais, podemos estar correndo o risco de estarmos correndo exatamente na direção do perigo, ao contrário de estarmos indo na direção do livramento.
Nossa visão carnal é turva, enganosa e precária. E movido por sentimentos primitivos de preservação caímos em muitas ciladas.
A busca pelo conforto, seja material ou emocional é tendência nossa. Somos capazes de nos comprometer a pagar qualquer preço, fazemos qualquer coisa desde que nos sintamos confortáveis e seguros. Ninguém gosta de turbulência, embora a turbulência seja parte integrante e constante em nossa trajetória.
Assim, inúmeros destinos se alteram completamente porque somos frágeis em nossa crença de que alguém enxerga mais que nós, pois está acima de nossas cabeças e infinitamente imune aos enganos de nosso coração aflito e desesperado que busca apenas o próprio sossego, sem se dar conta de que muitas vezes esse ilusório sossego nos causará muito mais aflição.
Olhe para cima não para baixo. Aqui tudo é conflito e confusão. Mas lá, lá em cima há verdadeira paz, verdadeira segurança e principalmente verdadeira e segura solução.
Não se deixe mais levar pelo que seus olhos míopes pensam ver, não se deixe guiar por primitivas emoções. Abaixo do céu tudo é instável, inseguro e incerto.
Se o dia de amanha dependesse das decisões da humanidade, certamente não haveria mais amanhã. Haveria o caos e arrependimento de decisões erradas tomadas apenas no que parece ser o melhor, mas que quase sempre termina num desastre ainda maior.
Não creia mais no vago e indefinido. Não se deixe mais levar pela imprecisão do momento, pelo apelo das emoções confusas, que dominam e aprisionam.
Tempestades fazem estragos, mas passam, e enquanto elas estiverem passando não se exponha a maiores riscos.
Silencie sua mente e cale o seu coração, pois nesse momento ambos estão incapacitados, aflitos e a única coisa que querem é se por logo em segurança mesmo que seja no olho do furacão.
Não se deixe mais iludir pela pseudo-segurança, pelo conforto fácil e à mão.
Não se deixe levar por caminhos que você não sabe onde vão dar, não pague para ver que estava enganado. Esse preço pode ser alto demais.
A paz do seu coração não está onde teus olhos estão pousados. Está além, alto e longe, e essa jornada será árdua e solitária. Quanto mais for adiado o primeiro passo mais desgastado você estará para enfrentá-la, e deverá ser feita em espírito.
Creia-me, cala tua carne, silencia teus desejos, eleva tua alma acima de todo apelo do mundo, só assim teu espírito alçará o vôo que deseja, e enquanto não chegar lá nada, nada, nem ninguém preencherá o vazio que te oprime. Não há nada antes disso, só ilusão e perda de tempo.
Não te dou palavras bonitas e boas de se ouvir. Mas te dou a verdade.
Para o alto, tua única saída é para o alto. O que ficar para traz, será passado, ruínas sem serventia.
Não se entregue ao mundo, pois de você ele fará apenas pasto de vermes.
Cada momento é precioso, não se demore, há um futuro lá na frente, que só poderá ser desfrutado quando for alcançado.
Não tenha medo, não olhe para traz, pois no lugar onde você está não tem nada que valha a pena. Teu destino não está aqui, está lá, tua felicidade espera por ser alcançada.
Hoje tudo o que você tem é só ilusão.
Paz e coragem,
Albert Camus”
Sugestão de vídeo: Um combate contra o Absurdo Albert Camus legendado