DELÍRIOS DE UMA QUARENTENA
.
Sempre me pego pensando…
Logo penso, que penso, pois existo
Se penso tenho que pensar científico, pois é esse o jeito certo de pensar
Pensar científico é pensar como um deus
Um deus de uma verdade comprovada, inquestionável
Verdade limitada é vero, mas pelo menos é abençoada pela certeza científica
Uma certeza em que posso confiar sem pensar
Pobres sejam os outros deuses pagãos de outros jeitos de pensar
O que se poderia dizer dos devaneios e elucubrações filosóficas?
Esse deus pagão só tem certeza em uma única coisa
Quanto mais sabe menos sabe…
Que tipo de saber é esse?
Se perguntares ao deus Philosophicus o que é o amor
Sem certeza alguma responderia: “Se não me perguntas eu sei. Se me perguntas eu não sei”
Mas pelo menos esse deus é menos delirante que o deus insano do pensar mitológico
Ah… esse extrapola as fantasias mais imaginativas de qualquer conto de fadas
Como alguém pode acreditar num deus desses?
Com certeza científica deve ser diagnosticado com algum delírio tremens
Penso, logo penso, como o deus ciência
Assim posso ganhar os céus dos phd´s e finalmente ser livre para pensar o que quiser
Verdadeira iluminação daqueles poucos eleitos que ascenderam a cobiçada morada celestial
Que irrompem entre as nuvens feitos os mais excelsos alpes do conhecimento, sustentados pela fé de seus postulados
Penso na lógica do deus da ciência comprovada matematicamente com seus “i’s” imaginários, que na realidade existem
Como essa conta não fecha no meu pensar que quer voar mais longe feito o voo da gaivota
Só me restam duas saídas comprovadas cientificamente
Convencer todos os outros a pensar como o deus ciência, pois assim, viveremos felizes para sempre na matriz elementar
Ou romper com a matrix e sofrer as perseguições dos agentes
Que prevê a programada luta contra a libertação que virá
Uma luta armada, quem sabe, pelo pensar do deus poesia
Que nem se prende mais as regras de linguagem, nem a rimas que insistem em não rimar
Para finalmente poder bradar com euforia,
Feito o pensar poético que faria
Ma chérie e amigo Albert Camus,
“Vive la liberte!”
Lino Azevedo Jr.
quinta-feira, 27 de maio de 2020
22:50
Documentário sobre Albert Camus – Prémio Nobel de Literatura em 1957.