DEVANEIOS DE UMA PANDEMIA na mercearia

Coluna Prof. Lino

Ontem fui a mercearia do meu bairro para fazer uma pequena compra, mas a compra em si não tem nada a ver com esta história, mas sim com as crônicas da vida que acontecem em todos os momentos neste livro aberto que é a vida do cotidiano, do dia a dia.

Enquanto procurava o que queria, notei um rapaz que andava de um lado para o outro, notadamente transtornado, pois fazia algumas tarefas parecendo que seu corpo quem fazia mas sua mente estava em outro lugar, num conflito e diálogo interno muito intenso.

Como conheço o rapaz a muito tempo, então lancei um estímulo para iniciar uma conversa amigável: “Ê ai? Vai no ‘7 de setembro’?”

Esta simples pergunta, um tanto marota, funcionou como que tirasse a rolha de um enorme tonel que começou a jorrar aqueles pensamentos que atormentavam aquela jovem mente recheada de convicções.

Um discurso inflamado e cheio de raiva e revolta começou a inundar o ambiente, revelando o motivo e denunciando aquele comportamento estranho que me chamava a atenção.

Uma diferença que pude notar neste personagem de minha crônica, é que antes aquele ser parecia estar como que hipnotizado pelos seus pensamentos e possuído por sentimentos secretos.

Mas agora, quando começou revelar esses pensamentos e sentimentos, ainda me parecia estar como um sonâmbulo digno das trilhas de mortos vivos de Michael Jackson, tamanha a possessão pelo ódio que aos poucos se revelava.

A única diferença que antes era um sonâmbulo mudo, agora era um falante sonâmbulo.

Qualquer tentativa de diálogo e argumentação só serviam para gerar mais convicções e argumentos irrefutáveis deste jovem, ou melhor, desta entidade que se manifestava através deste jovem, pois notei que naquele momento, era impossível atingir a consciência e o bom senso daquela “pessoa”.

Observando aquela cena sórdida e bizarra, ao mesmo tempo refleti sobre a situação que não me parece exclusiva deste jovem personagem, mas de muitos sonâmbulos que circulam no dia a dia desta nossa vida, vida muitas vezes encoberta pela matrix que induz um roteiro perverso e grotesco de revolta e ódio, tornando muitos personagens tão envaidecidos pelos seus papeis, que não percebem e nem desconfiam quem realmente são e passam a viver como se o grande ator esquecesse de sua identidade e começasse a viver no dia a dia o personagem que representou no teatro, mesmo depois que cerraram-se as cortinas.

Triste e lamentável a vida destas pessoas que optaram pelo ódio e pela revolta como único meio de se resolver as coisas da vida, vida esta que ela mesma está imersa, então a primeira a se sujeitar a estas tais regras é ela própria, mas vivendo em sono profundo não perceberá isso, só quando, um dia, acordar deste pesadelo e se tornar alguém consciente de Si-MESMO e da beleza da Vida de Amor e Paz.

Para não gerar mais revolta e ódio, lembro aos adormecidos, que isso é só uma crônica despretensiosa.

Para gerar mais paz e amor, lembro ao despertos que fomentem a misericórdia, a paciência, a paz e o AMOR.

Desperto dos meus devaneios, volto para casa sem comprar nada, pois me esqueci o que fui fazer na mercearia…

Lino Azevedo Jr.

quarta-feira, 1 de setembro de 2021

 

Gentileza gera Gentileza

 

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